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História
Joaquim Ribeiro de Oliveira “foi um dos mais notáveis representantes da primeira geração de intelectuais católicos de Juiz de Fora. Junto com seu primo João Villaça, Henrique Hargreaves e o cunhado Frederico Álvares de Assis, funda a União de Moços Católicos de Juiz de Fora, em meados dos anos 1920, e, na década seguinte, o Centro Dom Vital, o qual vai atuar na cidade a partir do empenho pessoal de Hargreaves e de Joaquim, reunindo a nata do laicato católico juiz-forano. Embora uma associação civil voltada para o estudo e o apostolado católico, até mesmo o Centro Dom Vital do Rio de Janeiro, que funcionava como eixo articulador dos demais centros espalhados pelo Brasil, se submetia às autoridades eclesiásticas locais. […] Sua militância católica posterior é, porém, fortemente marcada pelo movimento de afirmação do catolicismo na sociedade brasileira –conhecido como restauração católica- dirigido pelo arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Sebastião Leme, um pouco antes do início dos anos vinte do século passado. Diante de um mundo fortemente secularizado era importante para a instituição eclesiástica restaurar a fé e a presença de Cristo na sociedade e na família. Para isso o engajamento e participação dos intelectuais católicos e uma atuação mais combativa da Igreja na esfera pública eram pontos incontestáveis.”
“Joaquim frequentou ativamente o Centro Dom Vital do Rio de Janeiro à época em que viveu nessa cidade, no início dos anos trinta. Com a morte de Jackson de Figueiredo em fins de 1928, Alceu Amoroso Lima, o Tristão de Ataíde, assumiu a direção do Centro a partir do ano seguinte. A aproximação e amizade de Joaquim com Alceu se desenvolvem em tal contexto. Desde 1932, ainda vivendo no Rio, Joaquim foi um dos principais incentivadores da criação do Centro Dom Vital em Juiz de Fora, ao lado de Henrique Hargreaves”.
“Durante a maior parte da existência do Centro Dom Vital de Juiz de Fora as reuniões semanais eram feitas na Braz Bernardino, residência da família de Marita e Joaquim. A partir de 1949, junto com a mudança da família, transferiram-se para o Solar da Avenida Rio Branco.”
“Tanto a União de Moços Católicos quanto o Centro Dom Vital, especialmente esse último, eram associações que tinham como objetivo o fortalecimento da fé cristã e da espiritualidade, mediante a formação de leigos para colaborar com a missão de revitalizar a presença da Igreja na sociedade.”
Joaquim “foi o primeiro presidente da Junta Diocesana da Ação Católica de Juiz de Fora no final dos anos trinta, organização fundada no Brasil por Dom Sebastião Leme em 1935, sob a orientação do Papa Pio XI. A proposta era que o movimento se tornasse uma espécie de braço avançado da Igreja entre os leigos, cuja missão seria colaborar com a instituição eclesiástica na ‘cristianização dos indivíduos, da família e da sociedade’.”
“Apesar de sua notória indisposição para a política, Joaquim foi dirigente da Liga Eleitoral Católica (LEC) de Juiz de Fora, instituída em nível nacional pelo arcebispo do Rio de Janeiro, e apoiada pelo Centro Dom Vital, com o objetivo de arregimentar o eleitorado católico em torno aos candidatos comprometidos com a orientação doutrinária da Igreja, visando as eleições de 1933 para a Assembleia Nacional Constituinte. A partir de 1945 a Liga foi gradualmente perdendo importância política. De qualquer forma, a adesão de Joaquim sinaliza sua absoluta fidelidade aos movimentos empreendidos sob a liderança eclesiástica de Dom Leme e leiga de Alceu Amoroso Lima. Também atendia a uma convocação do Bispo local, Dom Justino, para que os católicos participassem de sua organização, justificando que a Liga não teria que fazer política e, sim, defender a liberdade da Igreja e a estabilidade da família, livrando as eleições das chagas partidárias.”
Fundou a Faculdade de Filosofia e Letras de Juiz de Fora, a FAFILE, em 1948. “Joaquim, além de professor e idealizador da faculdade, foi um combativo batalhador pela realização de sonho tão acalentado. Nascia, assim, a primeira escola católica de ensino superior na cidade, obra do mesmo círculo leigo que havia criado a União de Moços Católicos e o Centro Dom Vital, organizações com o objetivo de revitalizar localmente o papel da Igreja e o catolicismo. Em 1968 a Faculdade foi incorporada à Universidade Federal de Juiz de Fora.”
“Joaquim começa, em 1947, a conceber a ideia da criação em Juiz de Fora de um instituto católico, inicialmente voltado para o ensino de ciências exatas e matemática pura, de nome Mathesis. […] Não conseguiu o apoio imediato de seus pares para antecipar cem anos do progresso da intelectualidade local, mas tendo a ideia amadurecido em terra bem adubada por quatorze anos, foi desaguar em 18 de dezembro de 1961 na criação do Instituto Cultural Santo Tomás de Aquino. Seu objetivo era congregar cientistas e intelectuais para o aprimoramento da cultura superior cristã. Inicialmente o quadro social era composto por professores da Faculdade de Filosofia e Letras, funcionando ambas como instituições complementares.
Tinha o Instituto, entre outros, o propósito de incentivar viagens culturais, de estudos e aperfeiçoamento para professores e alunos da antiga Faculdade, tanto no Brasil quanto no exterior, numa espécie de extensão da formação acadêmica regular. ‘A intenção estava clara: preservar os valores fundamentais que dão razão de ser à vida humana, evitando a ciência agnóstica, tantas vezes mais desastrosa que a própria escassez de conhecimentos.’
Mais um gesto generoso e altruísta de Joaquim, entre tantos na área da promoção do pensamento e da cultura. A fundação do Instituto se deu com recursos financeiros seus e de Marita, provenientes de ações da Siderúrgica Belgo Mineira e mais tarde da Cia Mineira de Eletricidade. Em meados da década de 1960 as ações dessa empresa tiveram uma grande valorização e, graças à dotação orçamentária feita pelo casal, o Instituto Santo Tomás de Aquino tornou-se um dos seus mais importantes acionistas, viabilizando maiores progressos institucionais.”
“O Instituto de fato floresceu e continua dando frutos. Com a incorporação da FAFILE pela Universidade Federal de Juiz de Fora, a sede do Instituto foi transferida para a Casa Pio XI, também uma doação inspiradora de Dona Marita ainda na década de 1940. Desde a época de sua criação seus sócios se reúnem semanalmente para conferências, cursos e seminários, entre outras atividades culturais. Sua atuação na área de preservação da memória se constata pelo bem organizado arquivo, um pequeno mas expressivo museu de mineralogia, doado por Joaquim, uma biblioteca especializada, composta por mais de cinco mil títulos, que estão disponíveis à comunidade acadêmica de Juiz de Fora. Além disto, tem o propósito estatutário de conceder auxílios e incentivos para viagens de estudos e pesquisas.”
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Sobre a proclamação da República - Lucas Monachesi
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